Automação e Controle de Qualidade em Hematologia
Os aparelhos eletrônicos hematológicos atuais possuem princípios de contagem e mensuração de múltiplos parâmetros, que permitem realizar um hemograma em menos de 60 segundos.
São capazes também de emitir alarmes da presença na blastos, granulócitos imaturos, linfócitos reativos, eritroblastos e novos parâmetros relacionados a fluorescência e reações citoquímicas.
Com isso, os laboratórios estão rapidamente se transformando em linhas de produção, e muitos são capazes de realizar 20 mil hemogramas/dia com esteiras integradas ligando vários equipamentos que transportam tubos com EDTA em sistemas fechados, confeccionando e corando lâminas automaticamente.
Todas essas análises são geradas sob supervisão humana, o que tornou estes centros de diagnósticos mais eficientes e competitivos.
No atual contexto no qual estão inseridos os laboratórios, faz-se necessários profissionais especialistas em hematologia com profundo conhecimento em morfologia, automação, critérios de revisão de lâminas, capazes de intervir no momento certo e revisar análises dos contadores hematológicos.
Controles Internos e Externos
Para garantir a qualidade deste grande quantitativo de exames faz-se necessário controles internos, fornecidos exclusivamente pelo próprio fabricante, bem como calibradores que, em conjunto, possam aumentar a exatidão, reprodutibilidade, diminuir o tempo de liberação e até auxiliar na verificação da interferência de oscilações de correntes elétricas.
Estes controles devem ser passados nos aparelhos hematológicos diariamente, em três níveis (baixo, normal e alto).
As visitas e manutenções recomendadas pelo fabricante devem ser respeitadas e o uso de reagentes paralelos (de outras marcas) podem possibilitar a liberação de resultados anormais, tanto na contagem diferencial de leucócitos em 5 partes como em outras células.
Outro controle que deve ser adotado pelos centros de diagnósticos em hematologia é o uso da amostra retida, que consiste em passar a mesma amostra devidamente homogeneizada nos períodos diferentes de funcionamento dos analisadores hematológicos.
No que concerne aos reagentes, estes devem ser consumidos antes da validade e armazenado de acordo com as recomendações do fabricante.
Como cerca de 70% das decisões clínicas são tomadas com base nos resultados laboratoriais, os exames devem ter alta confiabilidade, fato que requer extrema vigilância e esforço humano.
Este controle de qualidade permuta por fases pré-analíticas, como coleta adequada do volume de sangue, homogeneização no momento da coleta do tubo com EDTA.
O acompanhamento pós-analítico deve ser capaz de detectar erros randômicos ou sistêmicos através das regras de Westgard e gráficos de Levey-Jennings.
Só assim serão detectados erros aleatórios, que devem ser corrigidos por calibrações, lavagens ou por outros meios de manutenção dos aparelhos hematológicos eletrônicos.
Dupla checagem
Periodicamente, os profissionais que realizam a revisão por microscopia devem efetuar a contagem diferencial da mesma lâmina para avaliação da série vermelha, reprodutibilidade da contagem diferencial de leucócitos e checar a distribuição de plaquetas. Estes resultados devem ter concordância de mais de 90%.
Para tanto os profissionais devem receber treinamentos, participar de encontros e congressos na área de hematologia e todos devem seguir os mesmos procedimentos operacionais padrões, incluindo as recomendações de contagens de neutrófilos bastonetes.
Sugere-se ainda que os critérios de revisão sejam claros e conhecidos por todos os profissionais.
Estes critérios devem seguir o Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ) e as recomendações do International Society for laboratory Hematology (ICLH).
O uso destes critérios deve ainda ser aliado aos programas externos de qualidade, como o Controlab e o PNCQ, garantindo por avaliação externa a qualidade das análises.
A automação é fundamental nos dias atuais, no entanto, os profissionais de laboratório especializados em hematologia devem supervisionar os procedimentos e devem ser capazes de ver o que os aparelhos hematológicos eletrônicos não veem.
Por Luiz Arthur Calheiros Leite
Consultor em Hematologia Laboratorial – lahemato@hotmail.com
Especialista em Hematologia e Hemoterapia – UNIFESP/EPM.
Mestrado em Hematologia – UNIFESP/EPM.
Doutorado em Bioquímica – UFPE.
Sempre bons materiais de conteúdo de qualidade e free.
Parabéns Dr.: Rodrigo.