Segurança do Paciente no Laboratório

Quando falamos em segurança do paciente queremos dizer sobre todos os estudos e práticas para a diminuição ou eliminação de riscos na assistência em saúde que podem causar danos ao paciente.
Paciente seguro é aquele que recebeu todos os cuidados necessários para que fossem minimizados, ao máximo, os riscos envolvidos na assistência de saúde prestada a ele.
Estes são termos muito comuns nos processos de assistência de clínicas e hospitais, mas pouco disseminados dentro dos laboratórios de análises clínicas.
O motivo para essa diferença no uso do termo entre os setores se deve, em geral, ao tempo de permanência do paciente aos cuidados dos profissionais que prestam o serviço.
Enquanto um paciente pode passar dias ou meses dentro um hospital, ele passa de minutos a horas dentro de um laboratório e por este motivo os cuidados acabam sendo reduzidos ou negligenciados.
Entretanto, devemos garantir que os nossos serviços visem a segurança dos pacientes por menor que seja o tempo que ele permaneça aos nossos cuidados.
O Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) através da Portaria 529 em 1º de abril de 2013 e desde então vem divulgando este importante processo para a garantia da assistência e prestação de serviços seguros.
Em julho de 2013 o Ministério da Saúde instituiu a RDC 36 que traz ações para a segurança do paciente em serviços de saúde entre outras providências.
Segurança do paciente dentro do laboratório
Os erros laboratoriais podem ter diferentes impactos sobre a saúde dos pacientes.
A ISO/TS 22367:2008 apresentou a seguinte definição de erro laboratorial: “falha na realização de ação, de acordo com o planejado ou a intenção, ou uso de um plano errado para atingir um objetivo, podendo ocorrer em qualquer etapa do processo laboratorial, desde a requisição do exame até o reporte do resultado, incluindo a sua interpretação”.
Segundo dados encontrados em diferentes publicações, estes erros variam de acordo com o tipo de laboratório, os tipos de exames realizados e a clientela atendida.
Segundo a literatura, mais de 75% dos erros produzem resultados ainda dentro dos intervalos de referência; 12.5% levam a resultados errados tão absurdos que estes não são considerados clinicamente pelos médicos assistentes; e os 12.5% dos erros laboratoriais restantes podem ter efeitos sobre a saúde dos pacientes, sendo estes raramente de grande gravidade.
Garantindo a segurança do paciente
Existem diversas ações que o laboratório pode realizar para garantir a segurança do paciente e destacamos algumas delas a seguir.
Na Fase Pré Analítica o laboratório clínico deve garantir que:
- os pacientes tenham seus dados corretamente registrados, principalmente informações que possam influenciar nos resultados dos exames;
- os pacientes recebam todas as informações relacionadas aos procedimentos e exames realizados, incluindo os possíveis riscos que podem ocorrer;
- os materiais de coleta sejam de boa qualidade;
- que a metodologia de transporte utilizada seja a adequada.
Na Fase Analítica o laboratório clínico deve garantir que:
- a rastreabilidade de seus processos através da correta identificação de todos os profissionais, insumos e equipamentos vinculados a realização de suas análises;
- sejam realizados controles internos para todos as análises realizadas internamente;
- seja realizado o controle externo periódico das análises realizadas em sua rotina.
Na fase Pós Analítica o laboratório clínico deve:
- garantir a qualidade dos resultados e demais informações constantes no laudo (como unidades de medida e valores de referência);
- garantir a comunicação efetiva de resultados críticos, preferencialmente ao médico responsável.
Em todos os processos realizados no laboratório é preciso garantir que:
- os profissionais sejam bem treinados e possuam um sistema de educação continuada para atualização dos seus conhecimentos;
- ações sejam realizadas para evitar a ocorrência de não conformidades;
- implantação de um sistema de gestão da qualidade atuante que trabalhe para garantir a realização dos processos laboratoriais com clareza e segurança.
Agora pare por um instante e pense: como o seu laboratório trabalha para garantir a segurança do paciente?
Fontes utilizadas:
- Plebani M. Laboratory-associated and diagnostic errors: a neglected link. Diagnosis 2014; 1(1): 89–94
- Plebani M. The journey toward quality and patient safety in laboratory medicine continues. North Am J Med Sci 2014;6:229-30.
- Conass – Conselho Nacional de Secretarias de Saúde. Disponível em: https://www.conass.org.br/seguranca-do-paciente
- Boletim Controllab Qualifique #27. Disponível em: https://controllab.com/pdf/qualifique_27.pdf
- Wilson Shcolnik – Laboratório Clínico e Segurança do Paciente – Uma nova visão em 2016. Disponível em: http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/laboratorio_clinico_e_seguranca_do_paciente_2016.pdf
Equivocadamente alguns entendem que este tema não nos interessa, ledo engano.
Em breve estaremos percebendo o quão necessário e importante será esse engajamento.
Quem sair na frente, vai colher bons frutos.